Simone Klober
Membro Didata em Formação nas áreas Organizacional e Educacional
Quem convive comigo sabe que a busca pela leveza é um dos meus objetivos de autodesenvolvimento há muitos anos. Durante esses anos de busca, pude perceber e sentir o quanto o peso da forma de enxergar a mim e ao mundo funcionava como um fardo que se manifesta principalmente em forma de preocupação, medos, expectativas e ilusões acerca de uma realidade que existe apenas dentro da mente limitada e acorrentada pelas sombras de situações passadas e projetando um futuro incerto e duvidoso.
Ao ler a sensacional obra do tcheco Milan Kundera – “A Insustentável Leveza do Ser” encontrei um questionamento intrigante: “Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da Terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.”
Então, o que escolher? O peso ou a leveza?
Provocada por essas questões, comecei a refletir o quanto nossa sociedade confere significado à seriedade, como algo de valor, que denota responsabilidade e por isso credibilidade, respeito e consistência. Um posicionamento duro, um semblante compenetrado, uma postura séria e uma conversa profunda costumam inspirar segurança e confiabilidade, especialmente no ambiente organizacional. No extremo oposto, a espontaneidade, o riso solto, a descontração com fluidez e alegria, costumam ser encarados como uma postura não profissional. São comportamentos informais, ou que não podem ser colocados na forma de comportamentos esperados e respeitados. Então, se não eu não sou o “padrão”, eu não tenho valor.
Sério? Mesmo? Eu não acredito nisso! Eu acredito que a leveza é sustentável e sua sustentação diária é mantida pelo autodesenvolvimento, consciência, obstinação de não se levar tão a sério e principalmente desfrutar cada conquista, podendo divertir-se no decorrer do percurso.
Para meu alívio (e leveza), encontrei as respostas na Análise Transacional. Eric Berne, criador dessa sensacional teoria, defende que a espontaneidade é a liberdade de poder escolher no espectro completo de comportamentos e sentimentos que podemos ter, o comportamento adequado para cada momento e situação. Sugere que é importante aprendermos a enfrentar novas situações e a explorar novas formas de pensar, sentir e responder, sem se encaixar em “formas”, pois somente quando a ética interior e o comportamento exterior combinam e são congruentes, a pessoa será íntegra, inteira e leve!
E Bert Hellinger, criador das Constelações Familiares em seu livro “No Centro Sentimos Leveza”, comenta que quando estamos em consonância com o mundo e conosco, aceitando a ambos como são, estaremos em sintonia e repousaremos em nosso centro, em equilíbrio. Nesse centro alcançamos paz e nos sentimos relaxados e inteiros. Então, inteireza, conexão e coerência com a própria essência é o que nos aproxima de nosso centro, proporcionando leveza.
Chegar a essa conclusão não me desprendeu de todas as amarras. Esse é um desafio contínuo. Mas posso dizer que pode ser um desafio divertido, como uma criança participando de uma brincadeira interessante e motivadora. Creio que ainda terei muitas fases nesse game, mas quero compartilhar que já estou em um nível bem mais avançado, podendo me treinar a cada momento e, sobretudo, me divertir a cada nova etapa e com toda a leveza que acredito ser possível!
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