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ACEITAÇÃO E MUDANÇA: DOIS LADOS DA MESMA MOEDA

Atualizado: 26 de nov. de 2021

Simone Klober

Membro Didata em Formação nas áreas Organizacional e Educacional


Em meu processo de desenvolvimento tenho constatado que, na medida em que deixo de negar, amplificar ou ignorar meus defeitos e limitações, mais aumenta minha capacidade para desenvolvê-los. Ou, em outras palavras, quanto mais eu aceito minhas dificuldades, maiores são as possibilidades muda-las. Parece um lugar comum em desenvolvimento humano, mas é mais simples e profundo do que eu supunha a primeira vista. Que tal um exemplo?


Há quatro anos aproximadamente, viajando junto com uma amiga e colega de trabalho, íamos discutindo o caso de um cliente. Muito empolgada, compartilhei com ela a solução que havia pensado ser perfeita para ele. Sua resposta foi: “Toma cuidado ao fazer algo simples, pois muitas vezes você se desfoca do olhar estratégico, se perdendo nos detalhes, e pode colocar energia demais onde não é necessário”.

Tomei o comentário como uma crítica. Senti-me ofendida, discordei dela e usei mil e uma justificativas para mostrar que ela estava errada, enfatizando meu compromisso com a qualidade e excelência. Em contrapartida, ela me trouxe algumas situações para evidenciar a razão da sua recomendação. Diante de exemplos reais, com fatos e dados, reagi afirmando que aquela era uma opinião pessoal dela e que eu não via da mesma forma.

Resultado? Trocamos mais algumas palavras na tentativa de convencimento mútuo, sem sucesso, o que só levou a um clima pesado entre nós, silêncio durante o restante da viagem e conversas limitadas a assuntos triviais. Apesar de toda proximidade e abertura existente na nossa relação, nenhum argumento dela foi suficiente para me sensibilizar e me fazer considerar seus exemplos e correlações. Eu simplesmente não aceitei, não gostei, não concordei. E por isso, não mudei!

Aceitar a nós mesmos, aos outros ou às situações não significa resignar-se ou acomodar-se. Pelo contrário, para mobilizar mudanças é necessário qualificar que a limitação existe e que tudo bem, pois todos temos limitações e todos temos a possibilidade de mudar.

Esse “não aceitar”, que na Análise Transacional é conhecido como Desqualificação, refere-se a um mecanismo interno que minimiza ou ignora alguns aspectos de si próprio, de outras pessoas, ou da situação real com o propósito de manter um mapa de referências e crenças individuais. No meu caso, minha crença era de que um profissional que não tivesse SEMPRE um olhar focado nos aspectos estratégicos, não seria competente.

Podemos perceber a desqualificação se manifestando na linguagem que inclui a grandiosidade (sempre, nunca, todos, ninguém...) que faz com que as coisas tomem uma proporção exagerada e por isso, fora de uma realidade, fora da possibilidade de aceitação e mudança.

Podemos desqualificar a nós mesmos, aos outros ou a uma determinada situação. No caso acima, eu desqualifiquei a mim ao ignorar que costumo ser muito detalhista; desqualifiquei minha amiga ao desconsiderar sua visão e sua capacidade de percepção e também desqualifiquei a situação pensando que talvez ela até tivesse razão em alguns exemplos, mas que isso não tinha importância para o contexto.

Quando pude tomar consciência qualificando e aceitando esta minha característica, fiquei muito mais atenta e pude organizar formas de lidar com isso, como a utilização de auto questionamento para validar a real necessidade de fazer algo, checando periodicamente: “Precisa mesmo?” e “Isso já não é o suficiente?” até calibrar meu senso crítico e auto cobrança. E mudar!


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